ABS: TRÊS LETRAS QUE SALVAM VIDAS

Revisado em: 03/03/2018 | Categoria: Fica a Dica
Diário de Motocicleta

O brasileiro ainda não compreendeu a real utilidade dos freios ABS (Anti-lock Braking System, sistema de freios anti-bloqueio) em motocicletas. A discussão sobre o uso deste sistema gera muita polêmica entre os aficionados pelas duas rodas. Alguns dizem que o “bom piloto” não precisa de ABS para conseguir efetuar uma frenagem mais agressiva. Um pensamento ultrapassado, mas, infelizmente, muito comum entre os motociclistas no País.

Segundo Alfredo Guedes Jr., engenheiro da Honda, a porcentagem de motocicletas vendidas com o sistema C-ABS da marca variava entre 5% a 10% em 2009. Hoje, os modelos equipados com o sistema somam 30% das motos comercializadas pela empresa. Mas, ainda assim, de acordo com uma pesquisa feita pela Bosch, fabricante de ABS para carros e motos, atualmente menos de 2% de todas as motos vendidas no Brasil e na Argentina são equipadas com o sistema anti-travamento. Os números ainda revelam que 27% dos entrevistados (750 proprietários de motocicletas) sequer sabiam da existência de ABS para motos. Portanto, a culpa não é só do consumidor.


  Técnicos da Bosch analisam o ABS de uma BMW S 1000 RR


Conscientização


“Hoje, todos os nossos concessionários passam por treinamentos e testam as motocicletas, com e sem ABS. Isso ajuda a manter um melhor relacionamento com o cliente e fica mais fácil passar as informações sobre a real utilidade do sistema ABS para, assim, conscientizar os possíveis compradores. O consumidor tem que entender que não há preço para segurança”, disse Alfredo Guedes Jr. Segundo ele, a Honda está em trabalho contínuo para diminuir o preço final dos produtos equipados com o sistema.

Mesmo nos modelos de baixa cilindrada, o ABS traz mais segurança ao condutor. Na concessionária Studio Motors Kawasaki, de São Paulo, a procura pelo modelo Ninja 300 com ABS está sendo maior que a versão sem ABS. Porém, de acordo com Gustavo Araújo Henriques, vendedor da concessionária, os clientes de motocicletas de maior cilindrada (na maioria das vezes pilotos mais experientes) preferem economizar na segurança para equipar suas motos com acessórios. “A maioria dos consumidores que compram motos acima de 600cc ainda preferem a versão sem ABS, pois acham que o dispositivo encarece os modelos. Economizam na segurança, mas gastam em acessórios. Sabemos que é uma tecnologia um pouco cara, mas esse pensamento tem que mudar”, disse.



A distância de frenagem com e sem ABS

Para reafirmar sua fala, segundo a pesquisa feita pela Bosch, 40% dos pilotos freiam com menos força do que gostariam em virtude do medo de travar as rodas. Em situações de frenagens previsíveis, como exemplo uma parada em um farol, o uso do ABS realmente não será necessário. Porém, em uma situação de emergência, o sistema fará muita diferença, principalmente pelo fato de não causar o arrasto da roda traseira.

O objetivo dos freios ABS, tanto nas motos como nos carros, é exatamente este: frear com mais segurança e controle do veículo – sem travar as rodas – e diminuindo o espaço da frenagem, principalmente em piso molhado. “Em frenagens de emergência, a força aplicada pelo motorista no sistema de freio pode ser maior que o pneu pode suportar e, com isso, a roda trava”, explica Martin Kretzschmar, gerente de marketing da divisão Chassis Systems Control da Bosch.

   Pequenos discos instalados no cubo da roda atuam com sensores ABS


Segundo o IIHS (Insurance Institute for Highway Security, instituto das seguradoras norte-americanas para a segurança viária), motos com ABS representam 28% a menos de acidentes fatais em cada dez mil motos registradas nos Estados Unidos. Análise do banco de dados de acidentes da Alemanha, o GIDAS (German In-Depth Accident Study), mostra que 47% dos acidentes com moto são causados por frenagem com falha ou hesitante, problemas que podem ser resolvidos pelo ABS. Diversos estudos científicos comprovam que o ABS é o sistema com mais alto potencial de segurança.

Outra pesquisa, realizada pela Administração Rodoviária da Suécia (“Vägverket”), em outubro de 2009, estima que 38% de todos os acidentes de motocicleta com feridos e 48% de todos os acidentes graves e fatais poderiam ter sido evitados com o uso do sistema. A diferença de preço entre os modelos com e sem ABS variam entre R$ 1.000 e R$ 2.000. Um custo que no fim das contas pode ser pequeno, considerando o aumento da segurança.

   Funcionamento do circuito do sistema ABS


História e Funcionamento


A história do dispositivo em motos é relativamente recente. A primeira motocicleta que recebeu o ABS foi a BMW K 100, em 1988. Para termos uma ideia, somente em 2009 tivemos uma esportiva equipada de fábrica com o sistema. Para os leigos, o sistema ABS atua nos freios da moto, impedindo que a(s) roda(s) trave(m). Seu princípio de funcionamento é parecido com o de um automóvel. Pequenos discos (semelhantes ao disco de freio, porém cheios de ranhuras) instalados no cubo das rodas atuam como os sensores do ABS e realizam a “leitura” da velocidade das rodas durante a frenagem. Quando a roda está prestes a travar, os sensores enviam um sinal para a central do ABS e a mesma envia um sinal para “aliviar” a pressão aplicada no freio.

Mais motos com ABS

Atualmente, BMW, Ducati, Harley-Davidson, Honda e Kawasaki oferecem versões de quase todas as suas motocicletas com o ABS. A Yamaha tem apenas a Super Ténéré 1200 equipada com o dispositivo no Brasil. Já as motos da Suzuki que são equipadas com o sistema não chegam ao país. De acordo com a nova legislação da União Europeia, o sistema anti-travamento será obrigatório para motocicletas com mais de 125cc. A partir de 1° de janeiro de 2016, todas as motocicletas homologadas deverão sair de fábrica com o ABS.


Fonte: Blog Infomoto UOL (por Roberto Brandão Filho)

 

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